Uma das primeiras coisas que ouvi da Pra. Rebeca quando cheguei aqui foi: “Nossa cultura em nada é melhor do que a deles – são apenas culturas diferentes”.
Através dos relatórios vocês acompanharam um pouco do nosso dia a dia com a Igreja, mas desta vez decidi escrever um pouco sobre a realidade daqui, do povão mesmo – neste mês pudemos sair por alguns lugares e aprender muito sobre a cultura boliviana com o Pr. Osmar.
O clima
É inacreditável, mas vimos com os nossos olhos – o dia pode amanhecer lindo e depois de 5 minutos tudo estar diferente. Diferente como? Com chuva e ventos muito fortes. Nossa primeira revolução precisou ser cancelada por causa disso. Estava um dia lindo, nos preparamos e quando acabamos de orar uma mini tempestade de areia nos atingiu, fechou o tempo e choveu muito. Uma hora depois o sol já raiava de novo – e sempre um sol intenso!
A cidade
Uma simples chuva é capaz de estabelecer um caos aos nossos olhos, mas não aos olhos deles. Eles já estão acostumados! Basta meia hora de chuva para encontrarmos ruas completamente alagadas e barro pra todo lado. As ruas principais são asfaltadas, mas nos bairros mais humildes encontramos apenas AREIA! Por conta disso, limpar a casa é quase que inútil. Você acaba de varrer e o vento vem e joga areia (e muita areia) em tudo de novo. E o tratamento de esgoto é inteiramente precário. Há ruas de mercados, feiras e comida ao ar livre que possuem um cheio quase insuportável de esgoto aberto em plena rua.
As casas do bairro onde ficamos são a maioria apenas de barro ou tijolo, são um ou dois cômodos para por vezes abrigar famílias de até 10 pessoas – os banheiros ficam do lado de fora, apelidamos eles de “banheiro do Shrek”. Conhecemos as casas de alguns digamundenses e realmente não é fácil pra nenhum deles. Tem gente que mora a 1 hora a pé da Igreja – e vem ás vezes 2 ou 3 vezes pra cá.
O povo
É um povo que acorda cedo e trabalha muito! O salário é em torno de 400 bolivianos, que em reais daria pouco mais de 100 reais e o custo de vida na cidade, pra eles, é muito alto. Um lanche fast food pode custar 40 bolivianos e uma camisa social cerca de 120. Isso impede eles de coisas que pra muitos é “normal” como por exemplo sair pra comer hambúrguer (muitos só fizerem isso 1 vez na vida porque o pastor levou eles), ir no shopping, comprar roupa fora... Mas é um povo feliz! Não importa a qualidade da casa, o que tem ou não tem pra comer, eles são felizes e gratos a Deus de verdade por tudo que tem.
Tem muito mais pra compartilhar além disso, mas vou encerrar por aqui. Quando você esbarrar com alguém da equipe você irá descobrir coisas incríveis. O que deve ficar na memória é que numa realidade difícil eles foram encontrados pelo Reino de Deus e abraçados por ele – e ainda que estejam em dias difíceis sabem que há um lugar melhor sendo preparado para todos.
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